quarta-feira, 6 de junho de 2012

Agroecologia - Os rumos para uma agricultura verdadeiramente sustentável

Confesso que quando pensei em escrever sobre AGROECOLOGIA imaginei que seria algo fácil porém, logo nas primeiras leituras sobre o tema, percebi que pouco sabia sobre o assunto. Inicialmente descobri que existem diversas correntes “verdes” dentro da agricultura como a natural, a biodinâmica, a orgânica, a própria agroecologia, ainda que para muitos autores esta não deve ser entendida como um ramo da agricultura mas sim como uma ciência. Vou explicar.

Nosso objeto de estudo começou a tomar forma no Brasil na década de 1980 e de lá pra cá não parou de receber contribuições. Digo “contribuições” porque a agroecologia é uma disciplina que abraça diversos ramos do conhecimento como a Ecologia, a Agronomia, a Sociologia, a Antropologia, a ciência da Comunicação, a Economia Ecológica e de tantas outras áreas. Com isso podemos perceber que, muito diferente da agricultura tradicional - que visa apenas o lucro despreocupando-se completamente das questões ambientais, é baseada no latifúndio e concentra a renda na mão de poucos – a agroecologia se baseia nos agroecossistemas: “sistema ecológico e socioeconômico que compreende plantas e animais domesticados e as pessoas que nele vivem, com o propósito de produzir alimentos, fibras ou outros produtos agrícolas.” (Conway, 1997)

Podemos entender essa ciência como um estudo (para posterior implantação) de sistemas agrícolas que levem em consideração as características bióticas e abióticas intrínsecas da região em questão (como o tipo de solo, vegetação nativa, os danos pré-existentes, fauna local), as relações sociais locais (como a existência de comunidades indígenas, quilombolas, agricultores familiares, cooperativas) e a relação desses coletivos com o ambiente. Considera-se também o conhecimento tradicional dessas populações (e até de outras espalhadas pelo mundo) associando-o às novas tecnologias. Tendo no horizonte a sustentabilidade como parâmetro norteador.

Para auxílio nessa caminhada, lança-se mão de diversas técnicas conhecidas à muito, porém, renegadas nas últimas décadas, como as que listo a seguir:

  • plantio em épocas corretas e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região;
  • consorciação de culturas e manejo seletivo dos insumos;
  • fazer uso da adubação orgânica;
  • rotação de culturas e adubação verde;
  • cobertura morta e plantio direto;
  • compostagem;
  • plantio de variedades de espécies resistentes às pragas e doenças;
  • fazer uso de adubos minerais pouco solúveis;
  • uso de plantas que atuem como "quebra ventos" ou como "faixas protetoras";
  • nutrição equilibrada das plantas com macronutrientes e micronutrientes;
  • conservação dos fragmentos florestais existentes na região.

Como disse no início do texto, existem muitas vertentes dentro da agricultura. Ressalto aqui a AGROECOLOGIA como ciência, pois vejo seu potencial e abrangência. Devemos estar atentos às inovações dessa área, assim como não perder de vista todo o rico conhecimento tradicional. Ambos possuem importância e devem ser aplicados de maneira adequada. Nenhum conhecimento deve ser exclusividade de um determinado grupo, assim como nenhum conhecimento deve ser ignorado e relegado.


“Se o que foi modelado pela tecnologia, e continua a ser, parece estar doente, seria talvez conveniente dar uma olhada na própria tecnologia. Se a tecnologia é vista
como cada vez mais desumana, talvez fosse preferível examinarmos se não tem alguma coisa melhor – uma tecnologia com fisionomia humana”

(E.F. Schumacher - Small is Beautifull; O Négócio é Ser Pequeno)


Para ilustrar, relaciono o texto a um vídeo que trata do agronegócio brasileiro e suas absurdas características:





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