Confesso que quando pensei em
escrever sobre AGROECOLOGIA imaginei que seria algo fácil porém, logo nas primeiras
leituras sobre o tema, percebi que pouco sabia sobre o assunto. Inicialmente
descobri que existem diversas correntes “verdes” dentro da agricultura como a
natural, a biodinâmica, a orgânica, a própria agroecologia, ainda que para
muitos autores esta não deve ser entendida como um ramo da agricultura mas sim
como uma ciência. Vou explicar.
Nosso objeto de estudo começou a tomar forma no
Brasil na década de 1980 e de lá pra cá não parou de receber contribuições.
Digo “contribuições” porque a agroecologia é uma disciplina que abraça diversos
ramos do conhecimento como a Ecologia, a Agronomia, a
Sociologia, a Antropologia, a ciência da Comunicação, a Economia Ecológica e de
tantas outras áreas. Com isso podemos perceber que, muito diferente da
agricultura tradicional - que visa apenas o lucro despreocupando-se
completamente das questões ambientais, é baseada no latifúndio e concentra a
renda na mão de poucos – a agroecologia se baseia nos agroecossistemas: “sistema ecológico e socioeconômico que compreende
plantas e animais domesticados e as pessoas que nele vivem, com o propósito de produzir
alimentos, fibras ou outros produtos agrícolas.” (Conway, 1997)
Podemos entender essa ciência como um estudo (para
posterior implantação) de sistemas agrícolas que levem em consideração as
características bióticas e abióticas intrínsecas da região em questão (como o
tipo de solo, vegetação nativa, os danos pré-existentes, fauna local), as
relações sociais locais (como a existência de comunidades indígenas,
quilombolas, agricultores familiares, cooperativas) e a relação desses
coletivos com o ambiente. Considera-se também o conhecimento tradicional dessas
populações (e até de outras espalhadas pelo mundo) associando-o às novas
tecnologias. Tendo no horizonte a sustentabilidade como parâmetro norteador.
Para auxílio nessa caminhada, lança-se mão de
diversas técnicas conhecidas à muito, porém, renegadas nas últimas décadas,
como as que listo a seguir:
- plantio em épocas corretas e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região;
- consorciação de culturas e manejo seletivo dos insumos;
- fazer uso da adubação orgânica;
- rotação de culturas e adubação verde;
- cobertura morta e plantio direto;
- compostagem;
- plantio de variedades de espécies resistentes às pragas e doenças;
- fazer uso de adubos minerais pouco solúveis;
- uso de plantas que atuem como "quebra ventos" ou como "faixas protetoras";
- nutrição equilibrada das plantas com macronutrientes e micronutrientes;
- conservação dos fragmentos florestais existentes na região.
Como disse no início do texto, existem muitas vertentes dentro da
agricultura. Ressalto aqui a AGROECOLOGIA como ciência, pois vejo seu potencial
e abrangência. Devemos estar atentos às inovações dessa área, assim como não
perder de vista todo o rico conhecimento tradicional. Ambos possuem importância
e devem ser aplicados de maneira adequada. Nenhum conhecimento deve ser
exclusividade de um determinado grupo, assim como nenhum conhecimento deve ser
ignorado e relegado.
“Se o que foi modelado pela tecnologia, e continua a
ser, parece estar doente, seria talvez conveniente dar uma olhada na própria
tecnologia. Se a tecnologia é vista
como cada vez mais desumana, talvez fosse preferível
examinarmos se não tem alguma coisa melhor – uma tecnologia com fisionomia
humana”
(E.F. Schumacher - Small is Beautifull; O Négócio é
Ser Pequeno)
Para ilustrar, relaciono o texto a um vídeo que trata do agronegócio brasileiro e suas absurdas características:
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